...
Da Porta [Jo 10.1-18]
Das Formas [Nó]
Do Cerzidor
Do Labirinto
Das Bíblias
... à Eternidade ...
...
Fonte : Link/OEstado
23
de março de 2014 20h30
Armazenamento
de dados cresce no País, mas carece de legislação
Objeto de discussão
no Marco Civil, serviços de hospedagem e gerenciamento de informações se
expandem no Brasil
Quais dos serviços que você usa na internet hoje sabem quem você é?
Acessou o aplicativo de música usando sua conta do Facebook? Provavelmente ele
já sabe mais de você do que o seu vizinho. O que você fala, faz ou produz na
web são informações que te pertencem, mas nem por isso você sabe onde elas
estão guardadas.
Dados são a moeda de troca da internet atual. Qualquer aplicativo pode
começar a receber dados de dezenas de milhões de usuários em alguns dias de
funcionamento. A empresa responsável em geral recorre a um terceiro para
guardar e gerenciar esses dados com a segurança que prometem em seus contratos
(aqueles que você leu e concordou antes de entrar).
Estes terceirizados são os chamados centros de dados, ou data centers.
Apesar de normalmente ficarem localizados em edifícios gigantescos [Is 2.11], para o usuário eles permanecem um elo invisível em edifício [*].
Os data centers frequentaram o noticiário esta semana por conta de sua
presença no debate sobre o Marco Civil da Internet no Congresso. O projeto
enfrenta oposição na Câmara. Entre os pontos debatidos, está o de exigir de
empresas de internet mais robustas, como Google e Facebook, a instalação de
data centers no País, em uma tentativa de se garantir mais privacidade e menos
espionagem.
Outro projeto na pauta do governo é a Lei de Proteção de Dados Pessoais,
que deve entrar no Congresso até o fim do ano e cuida dos usuários. A falta de legislação específica também não é bom para as empresas. Apesar de ser um setor
em expansão, companhias estrangeiras que prestam o serviço ficam
desestimuladas. Ao mesmo tempo, empresas nacionais que preciam guardar dados
acabam fazendo isso no exterior, onde há legislação apropriada.
Servidores
Prédios que podem chegar a mais de 100m² [???], repletos de servidores,
máquinas que vivem refrigeradas em câmaras controladas, sob atenção para nunca
desligarem. Tanto cuidado se justifica quando se atenta ao fato de que as
principais tarefas realizadas hoje na web se resumem a pessoas executando ou
inserindo conteúdo em servidores.
Subiu um vídeo no Youtube? Ele está indo para um dos 12 data centers do
Google, talvez no Chile, ou, quem sabe, em Singapura. Postou uma foto no
Facebook? Ela vai ficar guardada em um servidor da rede social na California,
às vezes na Suécia, ou nos dois lugares. Está no celular usando Vine, alugando
um quarto no Airbnb, lendo no Flipboard, conferindo fotos no Pinterest? Em
qualquer dos casos, você está navegando em um dos data centers da Amazon,
possivelmente nos Estados Unidos. Checou a restituição do imposto de renda no
site da Receita Federal? Você está exigindo esforço computacional de um
servidor próprio do governo em Brasília ou em São Paulo.
Os data centers são um negócio altamente lucrativo e tendem a crescer
muito nos próximos anos. Entre 2010 e 2013, os gastos com esses centros no
mundo cresceram 24%. Mas o setor sempre esteve presente. A diferença é que
antes cada empresa tinha seu próprio servidor. No fim do mês, a conta era alta,
já que para gerenciar uma criatura dessas é preciso um lugar certificado, uma
série de equipamentos de rede (muitas vezes importados), fonte de energia
ininterrupta e pessoal qualificado. Com data centers, esse trabalho foi
terceirizado. O acesso a esse conteúdo e seu gerenciamento de maneira remota –
a famosa “nuvem” – é a cereja do bolo, dando flexibilidade e barateando o
serviço.
“O cloud (nuvem) possibilitou que muitos negócios surgissem”, diz Tallis
Gomes, fundador do aplicativo EasyTaxi, com conteúdo hospedado na nuvem da
Amazon, nos EUA. “Servidor é muito caro. Antes, era difícil montar um negócio
de tecnologia. Hoje isso não existe”, opina, lembrando que muitas startups já
nascem alugando servidores virtuais [W9/SO].
Cezar Taurion, consultor que recente deixou seu cargo de evangelista
(espécie de incentivador de adoção de novas tecnologias) na IBM, lembra o
caso do Instagram, que quando foi comprado pelo Facebook tinha apenas 13
funcionários. “O dinheiro que você gastava com infraestrutura e pessoal, hoje
você investe no seu negócio e reserva uma pequena parte para alugar servidor.”
“Ninguém tem que cuidar de infraestrutura, eu tenho que ficar livre
dessa parafernália, eu preciso gastar meu tempo cuidando da minha relação com
meus clientes, pensando em novos modelos de negócio. Se eu lanço um produto,
alugo um servidor virtual; se o negócio não der certo, eu cancelo o servidor.
Fim”, diz Taurion.
O Brasil, que conta com empresas como Locaweb, Tivit, Alog, UOL, IBM,
HP, entre outras menores, apresenta números robustos de gastos com nuvem em
data centers. Segundo a Gartner, de US$ 1,43 bilhões, em 2011, o País deve
saltar para US$ 2,64 bilhões até o fim deste ano. Um aumento de 84,6% em três
anos. Em três anos, a previsão é de que essa cifra dobre. Para o diretor de
pesquisas da Gartner, Henrique Cecci, no entanto, há uma série de barreiras a
serem superadas por aqui, sendo uma delas a insegurança das empresas a migrarem
para a nuvem e, a principal, os altos preços para se manter tais estruturas por
aqui. “Enquanto aqui falamos de US$ 2,64 bilhões, nos Estados Unidos eles
contam US$ 70 bilhões, é uma diferença gritante”, diz.
Para Camila Kamimura, gerente de marketing de produtos da Locaweb, o
período de desconfiança do empresariado com serviços de TI está menor. “Quando
lançamos o serviço em 2008, a demanda foi mínima. Mas de 2010 para cá, a base
de clientes mais do que dobrou, chegando a cerca de 14 mil”, diz, listando
empresas como Marisa, Sephora, Ipiranga e aceleradoras de startups como
Aceleratech e Endevour entre as quais possuem contrato.
Localização
Uma das maneiras de se baixar preços no Brasil [descimbramento] seria aumentar a
concorrência, trazendo data centers para o País. Alguns se viram “obrigados” a
vir, como o Netflix, que instalaram sua infraestrutura em São Paulo e pretendem
ainda expandir seus centros de dados para o Rio de Janeiro, Porto Alegre e
Brasília.
“Em termos de privacidade, o fato de estar trafegando em redes de outros
países pode ser um problema, já que há países coniventes com espionagem”, conta
Milton Kashiwakura, diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). “Por este aspecto, não
que a localização do data center importe, mas seria bom que ficasse aqui”, diz.
Para Taurion, aonde está o data center não importa. “Bytes não são
físicos. Estar no quintal de casa não garante segurança. Quantas empresas fazem
comércio eletrônico e você não sabe onde guardam seus dados? Com Amazon,
Microsoft, Google e Facebook a moeda deles é a credibilidade. É como o banco.
Você só acredita que tem dinheiro na conta porque o extrato te diz, mas você
acredita.”
...
...
Nenhum comentário:
Postar um comentário